quinta-feira, 25 de abril de 2013

Cap.20 - Esmaltes * Parte 2 - O simbolismo

"Quero trazer à memória aquilo que me dá esperança" (Lamentações 3:21)

Naquela noite ela mal conseguiu dormir. Que Deus era aquele, que com tanto poder e glória criou os céus e a terra, que criou o universo e toda a sua imensidão... e mesmo assim a chamava pelo nome, olhava para o seu coração e cuidava dele com tanto carinho e com tamanha riqueza de detalhes!

Os vidros de esmalte ficaram ali, pertinho de sua cama. Enquanto olhava para eles, relembrava das palavras que ouviu do Senhor em seu coração quando os ganhou:

"Nada é grande demais para Mim, mas também nada é pequeno demais. Nada passa desapercebido diante de Meus olhos, nenhuma lágrima cai sem que Eu veja. Eu cuido de você, sempre cuidei e sempre cuidarei. Jamais te deixarei desamparada, sempre estarei ao seu lado e sempre estarei no controle de tudo o que acontecerá em sua vida e na vida de sua família. Eu estou cuidando de tudo, das pequenas e das grandes coisas".


Aqueles esmaltes viraram um símbolo. Sempre que ela os usasse, iria se lembrar do que Deus lhe disse. Não por serem esmaltes, afinal, poderia ter acontecido com qualquer outro objeto. Mas o seu choro de profunda tristeza a respeito da situação em que se encontravam se deu quando ela e seu marido não tinham moedas suficientes para comprar um simples esmalte.

No dia seguinte, passou um deles nas unhas. De tempos em tempos olhava para elas e pensava "Deus é mesmo incrível". O que ela jamais imaginaria é que Deus resolveria prolongar esse simbolismo...

No início pareceu uma grande coincidência. Algo muito grave havia acontecido e seu coração estava apertado, triste e sem esperança. Foi quando duas amigas fizeram uma visita a ela e a seu marido, na casa de sua sogra. Foi uma visita gostosa para revê-los, pois havia meses que não se viam. Conversam muito, riram, se divertiram... foi bom para "arejar a cabeça" e não pensar em tudo o que lhe entristecia. Mas antes das amigas se despedirem do casal, uma delas disse:
- Ah, já estava me esquecendo... Eu trouxe três esmaltes pra você. Eu sei que você gosta dessas cores bem diferentes, tenho certeza que ficarão lindos em suas unhas.

Ao fecharem a porta, marido e esposa se olharam. Será que aquilo era mesmo o que entenderam? Deus havia, mais uma vez, usado esmaltes como simbolismo? Para que, ao ganhá-los, lembrassem de tudo o que Ele disse na primeira vez?

- Não, não pode ser - pensou ela. - Provavelmente foi uma coincidência.

Mas sem que pudesse evitar, seus pensamentos foram direto para o alto e ela se lembrou do que Deus havia feito há algumas semanas. Seu coração se encheu de alegria e esperança. Não que precisasse a todo momento de algo para relembrar de que Deus é bom, que Ele é soberano e tudo está sob os seus cuidados. Mas como um pai que sempre diz "eu te amo" ao seu filho, mesmo que ele esteja cansado de saber, assim Deus faz com os Seus filhos. Ele demonstra o Seu cuidado e amor como quer, através do que quer, quando quer e quantas vezes quer.

O tempo passou e mais uma situação difícil aconteceu. Antes que Deus solucionasse tudo, disse carinhosamente a ela que a amava e que estava cuidando de tudo. Ela foi à reunião das mulheres casadas no seminário e uma de suas amigas lhe deu um esmalte. "Vi esse esmalte e me lembrei de você, espero que goste" - disse a amiga. Mais uma vez, ao pegar o vidrinho em mãos, foi como se ouvisse Deus falando: "Não se esqueça do que já fiz, estou cuidando de tudo, fique tranquila".

Aquele simbolismo incrível tinha tudo a ver com o que diz em Lamentações 3:21: "Quero trazer à memória aquilo que me traz esperança". Ao ganhar um esmalte, imediatamente ela se lembrava do que Deus fez naquele tempo de angústia e preocupação, do refrigério que sentiu na alma, da alegria que brotou em seu coração e da maneira linda como Deus resolveu as coisas pouco tempo depois. Aquele objeto era um símbolo que a lembraria sempre da provisão e do cuidado do Senhor em sua vida.

O mais interessante nisso tudo é que ninguém sabia dessa história, exceto o seu marido e duas outras pessoas. Nem eles, nem as pessoas contaram esse fato para quem quer que fosse. Os esmaltes chegavam na horas mais angustiantes, através de pessoas que nem sequer imaginavam o que aquilo significava.

Certo dia ela foi contar quantos vidrinhos tinha. Lembrou-se daquele dia em que chorou no corredor do supermercado por não dinheiro suficiente para comprar algo tão barato como um esmalte. Naquela ocasião ela tinha apenas 3 em casa.
Pegou suas caixinhas e começou a contar. Um, dois, três... dez, quinze, vinte... trinta e oito, trinta e nove, quarenta!

E foi assim por meses... por anos! A cada grande tristeza, a cada problema, a cada medo, a cada dúvida, alguém lhe dava um esmalte. E em seu coração ela ouvia "não chore", "não se preocupe", "não tema", "creia!", "Eu estou cuidando de tudo", "Eu estou com você!".

Até hoje esse simbolismo entre Deus e ela continua. A quantidade de vidrinhos que já ganhou é imensa, e ela continua ganhando... Hoje várias pessoas conhecem essa história e a presenteiam com esmaltes mesmo assim, sabendo que chegará em boa hora. Ela nunca mais ganhou um esmalte sem que tivesse uma razão, sem ouvir em seu coração "Eu estou aqui, cuidando de tudo".

É sua primeira vez por aqui? Não deixe de ler o começo dessa história clicando aqui
Depois é só ler os capítulos seguintes para conhecer mais histórias :)

sábado, 20 de abril de 2013

Cap.19 - Esmaltes * Parte 1

"O Senhor vive; bendito seja o meu rochedo e exaltado seja o Deus da minha salvação". 
(Salmos 18:46)

Desde a adolescência ela amava esmaltes. Este era um item que nunca faltava em suas coisinhas. Anos atrás ela mantinha, no mínimo, dez esmaltes com cores diferentes em seu estojo de manicure. Naquela época jamais passaria por sua cabeça que viveria algo tão inusitado anos depois.
E então lá estava ela, tentando comprar um esmalte. A moda agora era outra, tantas nuances e cores que tudo era permitido, desde pretos até esverdeados, sendo os azuis e acinzentados os seus preferidos. Naquele momento só havia em sua caixinha 3 esmaltes, sendo dois bem velhinhos. Definitivamente era o melhor momento para comprar um novo, com uma cor bem atual!

Ela, o marido e o filho estavam no supermercado. A situação financeira da família continuava delicada, como foi desde o momento em que foram para o seminário, mas nos últimos dois meses havia ficado um pouco mais complicado. Estavam "apertando os cintos" como nunca antes, cortando absolutamente tudo o que não fosse extremamente necessário.

Passando pelo corredor de cosméticos e produtos para manicure, se deparou com todos aqueles esmaltes lindíssimos, recém lançados.

"Bom, um esmalte custa baratinho" - pensou ela. "Vou levar este aqui".

Então, ao mostrá-lo para o marido, ouviu uma frase inesperada:
- Querida, hoje não vai dar. Se levarmos o esmalte não conseguiremos comprar frutas para o nosso filho.

Quando, em toda a sua vida, imaginaria ouvir algo parecido? Foi um choque. Mas, respirando fundo, entendeu mais uma vez que hoje sua vida era totalmente diferente. Que Deus supriria as suas necessidades como sempre havia suprido, pois esta era uma promessa que Ele fazia em Sua Palavra. Nada do que era necessário iria faltar. Nada do que era necessário.

Sete dias se passaram e foram novamente às compras semanais. O carrinho do supermercado nunca havia estado tão vazio. Ela já imaginava a resposta, mas mesmo assim fez a pergunta:
- Amor... será que hoje vai dar pra eu comprar um esmalte?
- Não, querida. Ainda não...

Ok, tudo bem. Logo logo essa fase tão difícil iria passar. Ela olhou para os alimentos no carrinho e agradeceu a Deus por ter condições de comprá-los. Olhou para seu marido e seu filho e louvou a Deus por ter uma família tão maravilhosa, muito mais do que jamais imaginou.

Depois de 10 dias voltaram ao supermercado para comprar coisas básicas. Aparentemente nada havia mudado. Eles dependiam de ofertas para se manterem enquanto estudavam e apesar dela fazer alguns trabalhos, naquele mês não havia aparecido nada. Venderam alguns salgados para ajudar no sustento mas não foi o suficiente para saírem do sufoco. A linha dura do "cinto apertado" continuava.

E mais uma vez ela passou com o carrinho no corredor de esmaltes. Olhou para eles e olhou para o marido que, no mesmo instante, balançou negativamente a cabeça com um olhar triste. Aquilo já não se tratava mais de levar ou não um esmalte para casa. Tratava-se de não ter uma sobra tão pequena de dinheiro, uma quantia mínima capaz de fazê-la levar algo tão barato para casa. Com lágrimas nos olhos, parou naquele corredor e começou a se sentir muito mal. Mal pela situação em que sua família se encontrava, vivendo contando moedinhas. Pensou nos anos passados em que comiam em bons restaurantes, usavam roupas caras e não se preocupavam com o quanto iriam gastar no supermercado. Agora, justamente agora que estavam dedicando sua vida integralmente para Deus, estavam nesta situação.

Ela sabia que nada do que era necessário iria faltar. Então começou a relembrar de cada momento em que Deus manifestou sua graça e misericórdia em suas vidas, de cada situação em que Ele se fez presente realizando milagres e sustentado a vida de sua família. Começou a chorar. Pediu perdão a Deus por não ter conseguido viver o contentamento em Deus naquele instante, por olhar para trás e sentir saudades do que havia tido ao invés de olhar para todas as coisas maravilhosas que Deus estava fazendo em meio a tempos difíceis. Agradeceu por poder levar o que estava levando no carrinho do supermercado naquele dia. Enxugou as lágrimas e seguiu adiante. Decidiu que não iria mais perguntar ao marido sobre esmaltes ou qualquer outra coisa supérflua. Quando Deus quisesse, iria dar o que fosse melhor para ela. Se para que ela crescesse espiritualmente fosse necessário ficar mais um bom tempo nesta situação, amém. Não contou nada disso a ninguém, a não ser para uma pessoa que disse: "Não sei não, mas acho que você nunca mais vai chorar por causa de um esmalte".

Duas semanas se passaram e então chegou o recesso, sete dias de folga no seminário. Ganharam o dinheiro para a gasolina e foram visitar a família em outra cidade. Uma amiga foi visitá-los e chegou com três pacotes, dizendo que estava com muita vontade de presenteá-los.

Ao abrirem o primeiro pacote encontraram espuma para barbear, desodorante masculino, gel para cabelo, tudo para o marido. Ele ficou bem feliz pois estes itens estavam no final, quase acabando. Para a esposa também havia ali um lápis de olhos e uma sombra, o que a deixou muito feliz. No segundo pacote havia shampoo, condicionador, escova e pasta de dentes infantis para o filho deles que vibrou de alegria ao ver tudo aquilo especialmente para ele.

O terceiro pacote parecia falar com ela. Seu coração ficou agitado, como se ela já soubesse o que havia ali dentro. Quando abriu, viu não somente um, mas sete vidros de esmaltes! Esmaltes com as cores exatas que ela queria.

Ela sentou no sofá com as pernas bambas e começou a chorar muito... A amiga, sem saber o que estava acontecendo, a abraçou:

- Me desculpe, eu só queria te agradar, eu fiz algo errado?

- Não, querida, você não fez nada errado. Você não faz ideia do que está acontecendo aqui. Deus te usou, amiga. Deus te usou pra me dizer que nada é grande demais para Ele, mas também nada é pequeno demais para Ele. Que nada passa desapercebido diante de Seus olhos, que nenhuma lágrima cai sem que Ele veja. Nesse momento Ele está me dizendo que cuida de mim, que sempre cuidou e sempre cuidará. Que jamais me deixará desamparada, que sempre estará ao meu lado e sempre estará no controle de tudo o que acontecerá em minha vida e na vida de minha família. Ele está me dizendo, claro, em alto e bom som: eu estou cuidando de tudo, das pequenas e das grandes coisas.

É sua primeira vez por aqui? Não deixe de ler o começo dessa história clicando aqui
Depois é só ler os capítulos seguintes para conhecer mais histórias :)