terça-feira, 11 de junho de 2013

Cap.23 - A porta

"E esta é a confiança que temos nele, que, se pedirmos alguma coisa, segundo a sua vontade, ele nos ouve. E, se sabemos que nos ouve em tudo o que pedimos, sabemos que alcançamos as petições que lhe fizemos." (I João 5:14-15)

Todos os domingos, ao voltarem do ministério do final de semana, a família parava em uma esfiharia. Já havia se tornado uma tradição comer esfihas em casa depois de subir as escadas com as malas.

Naquele domingo não foi diferente. Pararam o carro no estacionamento, ao lado de uma vaga para motos. Como de costume, davam carona para uma amiga que sentava no banco de trás e naquele dia, a amiga resolveu comprar esfihas também. Quando ela abriu a porta de trás do carro, um fusca vindo não sei de onde resolveu entrar na vaga para motos!

Resultado: o fusca bateu violentamente na porta do carro do casal, entortando-a.

Na hora deu muita raiva, depois uma vontade imensa de tirar satisfações com "o motorista louco" que estragou a porta do carro por causa de uma imprudência. Todos saíram do carro, mas o motorista do fusca não. Ele se isentava, colocando a culpa na amiga do casal por ter aberto a porta quando ele ia entrar na vaga. Oras, o fusca NÃO CABIA na vaga! Se fosse uma moto, haveria espaço de sobra para desviar da porta. Mas o motorista estava irredutível.

Saindo dali, manobrou o fusca e o colocou em uma vaga próxima, no mesmo estacionamento. Desceu, ajudou as quatro pessoas que estavam dentro a saírem e... todos entraram na esfiharia. Na mesma esfiharia.

A esposa não se conformava:

- Como pode ser tão cara de pau? Bateu no nosso carro, acabou com a nossa porta e ainda entra na esfiharia, na nossa frente, como se nada tivesse acontecido??? Vai lá, amor, exige que ele pague o conserto da nossa porta! Se você não falar, eu falo!

- Amor, calma. Não vai adiantar nada. Vai ficar super caro pra arrumar essa porta. Olha bem pro fusca do moço, todo caindo aos pedaços. Ele não vai ter dinheiro pra nos pagar e isso tudo só vai nos trazer dor de cabeça. Deixa quieto. Deus é o dono do nosso carro e Ele nunca nos deixou na mão. Ele é o dono do dinheiro que chega em nossas mãos. Vamos esperar pra ver o que acontece.

Respirando fundo, ele entrou na esfiharia, não olhou para o motorista do fusca e nem pra quem o acompanhava. Comprou as esfihas como sempre fazia, passou no caixa e depois entrou no carro, seguindo de volta ao seminário. A porta de trás, entortada, certamente não poderia permanecer daquele jeito. Então decidiu que no dia seguinte, logo pela manhã, levaria o carro para a oficina.

A amiga que abriu a porta na ocasião da batida se sentiu péssima. Apesar de não ter sido sua culpa, ela não parava de pensar que se não tivesse aberto a porta nada teria acontecido.

Então, chegando no seminário, ligou para o seu pai e contou o que aconteceu. O pai prontamente se dispôs a ajudar, ligando para o casal e dizendo que ajudaria no pagamento do conserto com 1/4 do valor. Ela dormiu e não contou nada a ninguém, nem naquele dia, nem nos outros dias. O casal louvou a Deus pela oferta tão prontamente recebida e foi dormir.

No dia seguinte bem cedo, numa segunda-feira, antes que os outros alunos vissem o estrago na porta, ele levou o carro para a oficina. Recebeu a notícia de que o conserto ficaria muito mais caro do que imaginava, mas infelizmente não poderia deixar o carro com a porta entortada daquele jeito... Deixou o carro na oficina e voltou de ônibus para o seminário. Foi direto para a aula, sem contar para as pessoas o que havia acontecido. Sua esposa também não contou para ninguém e assim passaram-se dois dias.

Na próxima quinta-feira o carro ficaria pronto. Nesse dia ele teria que pagar o conserto. Até a quarta-feira eles só tinham 1/4 do valor, ofertado pelo pai da amiga. Como nunca tinham reservas para imprevistos, teriam que tirar de algum lugar para efetuar o pagamento... provavelmente seria do aluguel do apartamento que mais tarde cobraria juros, mas não havia o que fazer. Em seus corações pulsava um pedido de "ajuda-nos, Deus"...

A quarta-feira se seguiu normalmente, com estudos de manhã e tarefas a tarde. No final da tarde, antes de voltar para casa, ele passou pelos escaninhos. Ao olhar para o seu escaninho, viu um envelope com o seu nome escrito.

Quando o abriu, começou a chorar. Ali estava o valor que faltava para que ele pagasse o conserto do carro. Nem mais, nem menos, a quantia era exata.

Correu pra casa e contou para a esposa o que havia acontecido, perguntando pra quem ela havia contado que o carro estava na oficina.

- Pra ninguém, amor! Eu não contei pra ninguém!
- Então foi a nossa amiga...
- Ah, com certeza, vamos ligar pra ela.

- Alô? Oi querida, nós dois queremos saber se você comentou com alguém o que aconteceu no domingo e que levei o carro pra oficina... Não? Não comentou nada com ninguém? E o seu pai, ele só deu 1/4 do valor mesmo? Tem certeza? E você? Por acaso não foi você quem deu o restante e quis ficar no anonimato, né? Ah, não foi? Meu Deus... Quem colocou esse dinheiro no escaninho?

Eles não souberam e até os dias de hoje ainda não sabem. Mas naquela manhã de quinta-feira eles puderam buscar o carro na oficina e entregar o valor exato do conserto sem entrarem em dívidas. Então eles se lembraram do que ele disse naquela noite de domingo: "Deus é o dono do nosso carro e Ele nunca nos deixou na mão. Ele é o dono do dinheiro que chega em nossas mãos. Vamos esperar pra ver o que acontece".

É sua primeira vez por aqui? Não deixe de ler o começo dessa história clicando aqui
Depois é só ler os capítulos seguintes para conhecer mais histórias :)

Um comentário:

  1. Como cidadãos, podemos pedir nossos direitos, mas como cristãos, o exercer da fé nos mostra além desses direitos. Quando abrimos mão do que é certo, pela justiça de Deus, Ele nos mostra algo mais excelente. Fiquei muito contente de ter lido este testemunho. Deus os abençoe.

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