quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Cap.12 - Bananas!

"Mas para mim, bom é aproximar-me de Deus; pus minha confiança no Senhor Deus, para anunciar todas as tuas obras." (Salmos 73:28)

Quando confiamos em Deus, confiamos. Não importa se o que necessitamos é grande ou pequeno, se a situação é suave ou complicada. Confiar em Deus é ter a certeza de que Ele está cuidando de cada detalhe, de que Ele fará o que for melhor para nós. É ter a certeza de que Ele está no controle mesmo quando tudo parece ruir; que Ele está trabalhando em nosso favor, mesmo quando não enxergamos isto.

Aquele casal estava há poucos meses no seminário e a luta estava cada vez maior. Ao mesmo tempo em que se esmeravam para fazer o melhor para o Senhor, estudavam e trabalhavam na obra, também se deparavam com situações muito difíceis e realidades complicadas de se enfrentar. Não pensavam em desistir, mas às vezes o desânimo tomava conta de seus dias. E era justamente em dias assim que coisas incríveis aconteciam, como se fossem pequenos "lembretes" de que Deus estava no controle.

Aquela semana havia começado em um clima bem pesado. Problemas estavam acontecendo com alguns parentes e algumas situações estavam bastante difíceis em relação à saúde deles. Além de tudo, a situação financeira do casal continuava complicada.

Era segunda-feira, o dia destinado às compras de supermercado. Nos outros dias ficava mais difícil ir até eles devido às atividades do seminário, por isso tudo deveria ser comprado neste dia. Eles estavam bem tristes naquele dia. Foram ao supermercado, compraram tudo o que conseguiram com o dinheiro que haviam separado, mas não compraram bananas. Por algum motivo, elas estavam em falta.

Bananas... e daí, qual o problema de ficarem sem bananas? O problema é que esta era a única fruta que o filhinho deles comia. Ele até gostava de maçãs, mas comia bem pouco. E bananas amassadinhas com aveia também serviam como substituto do jantar, quando não havia muito o que comer. Na verdade, eles também substituíam o lanche da tarde por bananas às vezes. Ficar uma semana inteira sem aquela fruta era um pouco complicado. Geralmente eles compravam um cacho com 12 bananas para passar a semana.

No final daquele dia, eles ouviram o som do carro de seus amigos que estavam chegando de mais um final-de-semana de ministério em outra cidade. Eles moravam no mesmo prédio, no andar de baixo. Alguns minutos depois, a campainha tocou.

- Oi querida! Ouvimos vocês chegando agora há pouco. Você e seu marido fizeram boa viagem?
- Sim, fizemos, obrigada! Olha só, nós sabemos que o filhinho de vocês ama bananas...
- É verdade...
- Então, nós estávamos passando num lugar e vimos cachos e mais cachos de bananas das bananeiras plantadas por lá. Na hora nos lembramos do seu filhinho e resolvemos pegar este cacho para ele. Aqui tem quase duas dúzias de bananas, acho que ele vai ficar feliz.
- Sim, amiga, ele e nós também. Você não imagina o quanto!

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segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Cap.11 - Você aceita cheque?

"Mas eu sou pobre e necessitado, contudo o Senhor cuida de mim." (Salmo 40:17a)

Os dias no seminário seguiam como sempre: muitos estudos, tarefas e atividades. Entre uma coisa e outra, momentos de grande alegria e também de preocupação. Nunca nada era igual.

Naquela semana surgiu um grande imprevisto e eles precisariam de uma determinada quantia em dinheiro. O prazo era curto, a cobrança era grande e eles simplesmente não tinham de onde tirar aquela quantia em tão pouco tempo. Restavam poucos dias.

Relembrando tudo o que vinham vivendo com Deus, especialmente na área financeira, creram que Ele providenciaria uma solução para aquela nova situação. O mesmo Deus que os chamou especificamente para estar naquele lugar estava cuidando de cada detalhe. Nada era grande demais para Deus.

Enquanto isso, em outra cidade, uma moça que os amava muito estava orando por eles, sem ter conhecimento de tudo o que estava se passando. Enquanto orava, Deus colocou em seu coração um determinado valor que deveria ser ofertado a eles.

No final de semana seguinte, ela foi ao seminário, pois fazia um curso que era realizado apenas aos sábados. Ela não sabia exatamente onde era a casa do casal, nem sabia como entregaria para eles a oferta que Deus havia dito em seu coração. Orou, pedindo a Deus uma confirmação: se fosse Ele mesmo quem estava falando com ela, que Ele fizesse com que ela encontrasse um dos dois.

Ela foi até a secretária do seminário e perguntou por eles, dizendo que precisava falar urgente com os dois. A secretária, que tinha nome de flor, disse que eles provavelmente não estavam lá porque aos finais de semana saíam para trabalhar em uma igreja na cidade. Mas que se os encontrasse daria o recado.

Naquele sábado o casal tinha uma programação apenas a noite.
Sendo assim, estavam em casa a tarde.
Uma tarde muito, muito quente.
E acabou a água das garrafas da geladeira.

- Amor, vou buscar água lá no núcleo e já volto - disse o marido.

O núcleo era o lugar onde aquela moça estava tendo aulas do curso que fazia. Ele não sabia que ela estava lá. Quando entrou no local, estava na hora do intervalo. Então encontrou com a secretária do seminário:

- Olá, querido! Veio buscar água?
- Sim, a nossa lá de casa acabou.
- E sua esposa e seu filhinho, estão bem?
- Estão bem, graças a Deus.
- Mande um beijo grande para eles! Aliás, tenho um recado pra lhe dar. Tem uma moça fazendo o curso de sábado aqui e ela está procurando você e sua esposa. Eu pensei que não estavam por aqui, por isso nem expliquei onde ficava a casa de vocês.
- Ah, tudo bem! Qual o nome dela?
- Ah, ali está ela!

Quando ele a viu, a reconheceu, chamou-a pelo nome e deu um sorriso grande para cumprimentá-la.

Ela ficou literalmente atordoada ao perceber que Deus respondeu a sua oração e fez com que ele aparecesse no local, no momento exato em que ela estaria lá. Depois do intervalo ela sairia pela outra porta e provavelmente eles não se veriam. Tremendo muito, emocionada por constatar que foi mesmo Deus quem falou com ela durante a sua oração naquela semana, mal o cumprimentou. Abriu a bolsa, tirou um talão e uma caneta, olhou para ele e perguntou:

- Você aceita cheque?
- Cheque? Cheque do que?
- Deus me mandou dar uma oferta para vocês e eu estou sem dinheiro. Aceita cheque?
- Sim... aceito... - respondeu ele, sem acreditar no que estava acontecendo.

Ela pegou a caneta, preencheu o cheque no valor exato em que Deus havia lhe falado e entregou para ele.

- Manda um beijão pra sua esposa e outro para o seu filho lindo. Amo muito vocês!
- Obrigada, querida, nós também amamos você. Que Deus lhe recompense!

Ela saiu, ainda atordoada, e voltou para a sua classe. Ele guardou o cheque no bolso e depois de encher o galão de água, voltou para casa. Chegando lá, correu contar para a sua esposa tudo o que aconteceu. Com lágrimas nos olhos, os dois abriram juntos o cheque recebido.

O valor do cheque não era maior nem menor, mas exatamente o valor de que necessitavam.

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quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Cap.10 - A câmera

"No temor do Senhor há firme confiança e Ele será um refúgio para seus filhos". (Provérbios 14:26)

Há quem diga que fotografar é o ato de congelar situações. Para ela, fotografar era eternizar a vida, guardar momentos para sempre.

Quem a conhecia sabia o quanto ela amava fotografar tudo o que se passava ao seu redor. Agora, no seminário, fotografar era também necessário, para que seus mantenedores, familiares e amigos de longe pudessem acompanhar tudo o que sua família estava vivendo.

A cada domingo eles almoçavam na casa de uma família diferente e em um desses domingos, após ter fotografado aquele churrasco tão gostoso, deixou a câmera digital em cima de um murinho. Minutos depois, lá estava seu filhinho puxando o cordãozinho da câmera e... lá foi ela, caindo ao chão sem dó nem piedade, quebrando a objetiva.

- Ah, não acredito! E agora, o que vou fazer? - pensou ela, já angustiada.

Chegando em casa, correu olhar pelos sites para ver onde conseguiria um possível conserto. Pegou números de telefone, conseguiu quem levasse a câmera para o local em outra cidade e na semana seguinte esperou por uma boa notícia, sem sucesso. Não havia conserto para aquele tipo de estrago.

O coração ficou apertado. Não havia meios de consertar a câmera... mas também não havia dinheiro para comprar uma nova. As semanas foram passando e os momentos deixaram de ser registrados.

- O que será que Deus está querendo me ensinar?
- Talvez Ele queira que você pare com essa sua mania de tirar fotos de tudo - respondeu o marido, rindo.
- Não, Deus não ia fazer isso comigo - retrucou a esposa, rindo mais ainda.

Mas em meio aos risos o seu coração apertava cada vez mais. Será mesmo que Deus não iria "dar um jeitinho" naquela situação? Enquanto nada acontecia, ela resolveu enviar um e-mail aos mantenedores para que eles a ajudassem em oração. Ela sabia que eles não teriam condições de ajudá-la financeiramente, já que davam o valor máximo que podiam nas ofertas de cada mês. O intuito era mesmo que eles a ajudassem orando, afinal, Deus é um Deus de detalhes. E entre os detalhes havia um fator: ela tinha vários cartões de memória de uma determinada marca. Seria bem interessante se ela conseguisse uma câmera compatível com a marca em questão...

Ao mesmo tempo em que pensava tudo isso, pensava também que talvez Deus quisesse realmente que ela ficasse sem tirar fotos por um tempo. Foi quando veio ao seu coração uma certeza: Ela não só iria ganhar uma câmera naquela semana, como também seria da mesma marca e tão boa quanto a outra. Seu coração acelerou. Nesse momento pensou que aquilo poderia ser o seu coração enganoso, mas... não. Ela conhecia aquela sensação. Deus estava falando com ela.

Uma noite, conversando com uma de suas mantenedoras, perguntou se ela havia recebido o seu último e-mail. A mantenedora respondeu que não, pois não havia acessado a internet por aqueles dias. Então ficou quieta sobre o assunto da câmera, resolveu não comentar nada.
Foi quando a mantenedora perguntou:

- Eu tenho estranhado uma coisa. Você não tem mais enviado fotos! O que aconteceu?
- Pois é, um probleminha com a minha câmera... Ela quebrou.
- É mesmo? Então eu vou te dar a minha!
- O quê??
- É, eu vou te dar a minha. Vou comprar uma câmera melhor pra mim e estava perguntando a Deus pra quem eu deveria dar a minha... e Ele acabou de me responder. É pra você que eu tenho que dar.

Ela deu um grito de felicidade! Por mais que soubesse que Deus estava agindo, a maneira como Ele fez foi surpreendente! Ele usou alguém que simplesmente não sabia da situação! Ele falou com a pessoa ANTES.

E a câmera era de um modelo próximo àquela que quebrou.
E da mesma marca.

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segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Cap.9 - Lugares altos

"O Senhor, o soberano, é a minha força, ele faz os meus pés como os da corça, faz-me andar em lugares altos". (Habacuque 3:19)

Os dias cheios de atividades faziam com que as semanas passassem rapidamente.
As aulas dele aconteciam a todo vapor, todos os dias, enquanto ela cuidava da casa e do filho. 

Duas vezes por semana ela tinha aulas e deixava o seu filho com uma mulher, também aluna casada, que cuidava dele com amor e muito carinho. Com o passar do tempo ambas se tornaram amigas, frequentando os mesmos grupos de comunhão e estudos.

Certa noite, enquanto fazia seu tempo devocional, ela orou por aquela amiga. Durante sua oração, veio forte em seu coração o texto de Habacuque 3: 17 a 19. Ela abriu a Bíblia, leu aquele texto e guardou a referência em seu coração, para lê-lo para a sua amiga no dia seguinte.

O dia amanheceu. No final da tarde teve uma reunião gostosa de estudo e comunhão na casa de sua amiga e ela foi, levando consigo o texto que Deus havia colocado em seu coração na noite anterior. Era a primeira vez em que ia naquela casa. Uma casa linda, muito grande, com muitos cômodos e muito bem decorada. 

- Esta casa realmente não condiz com o estilo de vida que minha amiga e seu marido têm, uma vida simples e sem regalias. Não estou entendendo muito bem... - ela pensou, sem fazer nenhum tipo de julgamento.

No início da reunião, uma surpresa: sua amiga havia preparado um testemunho pessoal, contando detalhes de sua vida e sua trajetória com Deus até ali. 

Contou que nasceu cega e que anos depois entregou sua vida à Jesus, dizendo a Ele que queria fazer diferença na vida dos menos favorecidos. Sua cegueira a atrapalhava muito, mas depois de um tempo Deus a curou. Seu desejo era o de ter muitos filhos, se casar com alguém que também amasse a Deus, para servirem juntos no ministério. Ainda muito nova, casou-se crendo que seus desejos seriam realizados. Porém, seu marido subiu muito de posição no trabalho, deixando sua família de lado para crescer profissionalmente. Trabalhando para uma grande empresa, enriqueceu-se e passou a viajar muito, andar em carros blindados e com seguranças, enquanto sua esposa criava praticamente sozinha os seus 3 filhos em uma mansão que ela mesma chamava de "mausoléu".

Seu casamento beirava a ruína, foram 20 anos de luta para mantê-lo enquanto tinham tudo o que o dinheiro poderia comprar. Eles se separaram. Ela foi morar com o filho no Canadá, entrou em depressão, parou de se alimentar e começou a morrer. Só um milagre salvaria a sua vida e seu casamento. E foi através de um milagre que tudo começou a se transformar. Seu marido foi tocado por Deus e decidiu lutar pelo seu casamento! Quando ele perguntou sobre o que precisava ser feito para que ela acreditasse que ele realmente queria reconstruir o seu relacionamento, ela respondeu prontamente: "largue esse maldito dinheiro!". Ele largou. Eles começaram a namorar, noivaram e se casaram novamente, pela internet, com juiz e testemunhas! Ele deixou seu emprego e se decidiu por seguir o ministério em tempo integral. Foram para o seminário e compraram aquela casa, usando o restante do dinheiro para manterem-se lá e pagarem os estudos dos filhos. Quando terminou de contar o testemunho, contou também que o dinheiro que restou estava acabando e que, provavelmente, teriam que viver de ofertas a partir dali.

Enquanto ela ouvia aquele testemunho incrível de sua amiga, chorava muito, emocionada por tudo o que Deus havia feito na vida daquela família. Chorava por ver que Deus também tinha um plano lindo ao colocar o seu filho nos braços daquela mulher e daquele homem que, em tempos passados, não haviam cuidado de seus próprios filhos juntos! Chorava também porque não imaginava que fosse ouvir aquele testemunho, sendo que o texto que Deus havia colocado em seu coração na noite anterior tinha tudo a ver com a história que havia acabado de ouvir.

Ela não havia levado sua bíblia, então pediu para que sua amiga emprestasse a dela. Quando abriu o texto, viu que ele estava sublinhado e grifado. Aquele texto era importante e já fazia parte da vida de sua amiga. Começou a chorar ainda mais. Era um daqueles momentos em que Deus faz algo e deixa todos perplexos. O texto de Habacuque 3:17 a 19 dizia:

"Mesmo não florescendo a figueira e não havendo uvas nas videiras, mesmo falhando as safras de azeitonas, não havendo produção de alimento nas lavouras, nem ovelhas no curral, nem bois nos estábulos, ainda assim eu exultarei no Senhor e me alegrarei no Deus da minha salvação. O Senhor, o soberano, é a minha força, ele faz os meus pés como os da corça, faz-me andar em lugares altos".

Semanas se passaram. O aniversário de sua amiga chegou e foi dada uma festa em comemoração a tudo o que Deus estava fazendo com sua família. Antes do momento do louvor, a aniversariante leu um texto que, segundo ela, falava fundo ao seu coração, trazia paz e esperança, relembrando-a da fidelidade e do amor de Deus por ela. Um texto que fazia com que jamais se esquecesse de que Deus é quem a sustenta e é a Ele que ela deve dar toda honra, glória e louvor, pra sempre. Um texto que a acompanhava por anos e anos. O texto lido foi Habacuque 3:17-19.

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terça-feira, 13 de novembro de 2012

Cap.8 - Mamãe acordou

"Eu me deitei e dormi; acordei, porque o Senhor me sustentou." (Salmos 3:5)

Já há alguns meses moravam lá. O dia-a-dia era gostoso, mesmo com tantos desafios e uma rotina tão diferente de tudo o que já haviam vivido.

Certo dia, ela teria que ficar sozinha em casa com seu filho que havia tido febre na noite anterior. Todos do seminário iriam para um outro lugar realizar um trabalho especial durante todo o dia e seu marido também iria. O lugar ficaria vazio e solitário. Era a primeira vez que ficaria sozinha dessa maneira por lá.

Ela acordou, cuidou de seu filhinho e então foi tomar alguma coisa. Tirou uma caixinha de "leite de soja com abacaxi e hortelã" da geladeira, colocou o suco no copo e tomou dois goles. O filho começou a chorar e então ela foi socorrê-lo, esquecendo-se de terminar o seu café da manhã. Seu marido arrumava as coisas para sair.

Depois de quinze minutos ela começou a sentir uma coceira estranha nas pernas. Começou bem pequena, em algumas partes, mas depois foi aumentando... Quando percebeu, em menos de 5 minutos seu corpo estava todo inchado, cheio de brotoejas enormes. Eles não tinham plano de saúde local e o pronto socorro ficava muito longe. Além disso, a demora seria muito grande para atendê-los, pois o PS já era conhecido por essa característica. Apavorada, foi levada rapidamente pelo marido à única casa onde havia alguém: a casa de uma mulher que era enfermeira-padrão. Chegando lá, o diagnóstico foi o de uma terrível reação alérgica.

- O que você comeu?
- Nada! Acordei e tomei dois goles de leite de soja com sabor de frutas, só isso.
- Foi algo que você toma frequentemente?
- Não, eu nunca havia tomado daquela marca e daquele sabor.
- Então foi isso. Provavelmente o seu corpo desencadeou essa reação ao produto.

A enfermeira a medicou e disse:

- Fique atenta. Com a ingestão desse remédio você terá que melhorar. Se piorar, procure imediatamente um médico. Se a reação alérgica não for contida, poderá acontecer em seu corpo por dentro também e poderá fechar a sua garganta. Se fechar a garganta será muito perigoso, você não conseguirá engolir ou respirar. Não brinque com isso, ok? Preciso ir agora, eu e minha família temos um compromisso na cidade. Só fique aqui sozinha se você tiver certeza de que estará bem.

Ela voltou pra casa agradecendo a Deus por ter sido tão prontamente medicada. Aquela enfermeira-padrão havia se formado nos Estados Unidos e lá esses profissionais sabem tanto quanto um médico. Ficou tranquila e foi pra casa. As coceiras começaram a diminuir e ela entendeu que realmente estava melhorando, sentindo-se segura para ficar sozinha em casa.

- Você tem certeza de que está melhor?
- Tenho, querido, fique sossegado. Já estou melhorando.
- Posso ir mesmo?
- Pode, não se preocupe.

Seu marido pegou o carro e foi embora. Tudo parecia sob controle.

Foi quando, de repente, as brotoejas começaram a aumentar e a coceira passou a ser insuportável. Seu corpo todo coçava, da cabeça aos pés. Uma tosse estranha começou a aparecer, junto com um aperto na garganta. Ela começou a se sentir muito mal, com uma tontura terrível, uma dor de cabeça insuportável, coceira nos ouvidos, nos olhos e por dentro da boca. Já não conseguia mais engolir direito, a sensação era a de que a garganta estava se fechando. Tudo estava acontecendo muito, muito rápido! Até que começou a sentir uma dificuldade enorme para respirar.

Não havia mais ninguém por lá, nem mesmo a enfermeira.
Ela estava sozinha com o seu filho que brincava sossegadamente em seu quarto, sem perceber nada.
Já quase fora de si, sem conseguir respirar, colocou uma mão no pescoço e outra na cabeça.
Com o pouco de fôlego que restava, clamou:

- Meu Deus, me ajude! Preciso de sua cura imediatamente! Senhor, tem misericórdia de mim!

Ela chegou a perder os sentidos.

Quando abriu os olhos, estava deitada no chão. Olhou para o relógio e viu que havia se passado 10 minutos. Seu filho estava fazendo carinho em seu rosto, dizendo "mamãe, acóda"... As coceiras haviam cessado, a garganta estava normal, a respiração havia voltado, as dores terminaram.

- Mamãe acodô?
- Sim, meu amor. A mamãe acordou. Eu te amo!

Ela o abraçou, chorando.

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quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Cap.7 - Finalmente, lar doce lar.

"Grandes coisas fez o senhor por nós, por isso estamos alegres". (Salmos 126:3)

Parecia que esse dia nunca chegaria, mas chegou. Lá estavam eles, na nova cidade, na nova casa, começando uma nova vida. Deus havia feito coisas maravilhosas em suas vidas até ali, coisas pelas quais eram extremamente gratos. Agora se preparavam para novos tempos com Ele.

Chegaram um mês antes de todo mundo, para arrumarem tudo a tempo.

Acordar ao som de passarinhos não era algo comum a eles, mas passou a ser. Diariamente ouviam e viam várias espécies: maritacas, pica-paus, quero-queros, andorinhas e mais... O cheiro de terra e grama, o vento abundante que entrava e saía pelas janelas, a paisagem verde que envolvia todos os arredores, tudo isso era muito bom mas ao mesmo tempo estranho para aquela família que havia morado por nove anos em uma cidade turística e litorânea. Mas estranho mesmo era precisar encarar quatro lances de escada no prédio para chegar ao apartamento. Todo dia. Várias vezes ao dia.

Aos poucos foram conhecendo gente, conhecendo a vizinhança e conhecendo a rotina do dia-a-dia. Quando as aulas começaram tudo ficou diferente. Muitas pessoas morando nos apartamentos e prédios vizinhos, muita conversa, muitas tarefas e estudos, muitos compromissos. Amizades começaram a se formar, gente que eles nem imaginavam que marcariam suas vidas para sempre.

Ele estudava muito, lia muito, fazia muitos trabalhos. Aquele homem que trabalhou por 14 anos em São Paulo em grandes empresas, agora era um estudante. E qual não foi a surpresa quando perceberam que ele, mesmo tendo estado por tanto tempo longe da vida acadêmica (e já não sendo mais tão jovem), estava dando conta de tudo! Além disso ele realizava muitas tarefas, tarefinhas e tarefões! Fazia educação física, jogava volei, futebol, basquete e dava muitas voltas ao redor do lindo lago que havia lá perto. Mas também limpava, varria, esfregava. Ninguém disse que seria fácil... Ela, que também era formada e trabalhava como autônoma há 8 anos, agora fazia algumas matérias, participava de reuniões, fazia alguns trabalhos freelance, cuidava da casa, cuidava do filho.

Ah, o filho! Esse menininho era mesmo muito especial. Estava com quase dois aninhos, era esperto e muito feliz. Estava naquela fase de falar muito e de fazer gracinhas. Mas a grande felicidade de sua mãe era vê-lo brincando com os amiguinhos que fez ali. 

Um dos maiores medos daquela mãe era o de criá-lo sozinho, sem que ele tivesse crianças com quem interagir. Ela orou muito a Deus para que trouxesse alguns amiguinhos até ele. Meses antes, quando participaram do retiro vocacional, seu coração ficou apertado... Não via nenhuma criança! Continuou orando, pedindo a Deus que desse ao seu filho pelo menos um amiguinho. Na última noite do retiro, durante o louvor no culto de despedida, uma moça parou ao lado dela. Em seu colo, uma menininha de quase dois anos.

- Oi, tudo bem?
- Tudo! Você mora aqui?
- Sim, moro! Moro em um prédio de dois andares, perto dos prédios de 3 andares. Meu marido é seminarista aqui, está indo para o segundo ano.
- Então você estará aqui ano que vem? Você e sua filhinha?
- Sim. Vocês virão pra cá no ano que vem?
- Sim!
- Ah, que bom! Minha filha não tem ninguém da idade dela pra brincar, com certeza nossos filhos serão bons amigos!

Não só os filhos, mas as mães também se tornaram grandes amigas. E outros casais chegaram com filhos pequenos, todos morando por ali. Deus havia atendido o clamor do coração aflito daquela mãe, fazendo muito mais do que ela poderia imaginar.

E assim Deus foi abençoando aquela família. Mal sabiam eles que aquele era só o começo de anos que viriam cheios de experiências profundas e surpresas sobrenaturais reservadas por Deus.


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segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Cap.6 - A hora da partida

"Não que sejamos capazes, por nós, de pensar alguma coisa, como de nós mesmos; mas a nossa capacidade vem de Deus". (II Coríntios 3:5)

Enfim, chegou o momento de dizer adeus.
Adeus para a maneira como viveram até ali.
Naquele último final de semana eles haviam se despedido de sua igreja, de seus amigos e de sua família. Os jovens fizeram uma despedida especial no sábado. No domingo o pastor os chamou na frente da igreja para serem enviados oficialmente. Eles contaram um pouco do que estavam vivendo, expressaram o amor que sentiam por aquele lugar e por aquelas pessoas e falaram sobre o desejo de voltar para lá futuramente. Se despediram e, ajoelhados, receberam a bênção.

Naquele momento, o tempo parou. Um filme passou na cabeça do casal. Ele, de cabeça baixa, pensava em tudo o que viveu desde o dia em que tomou a decisão de mudar o rumo de sua vida. Pensava em seus dias passados, nas experiências que havia tido e em tudo o que Deus havia lhe falado. Ela chorava, relembrando o dia em que entregou a sua vida a Jesus, aos 6 anos. Ainda criança, ela havia dito a Deus que queria ser uma missionariazinha. Várias outras vezes, adolescente, jovem e adulta, ela reafirmou esse desejo. Orava para que Deus fizesse dela o que quisesse e a levasse onde desejasse. Ao abrir os olhos, viu o seu filhinho ali também, entre eles, sendo igualmente enviado. Precisou segurar a emoção para que não chorasse o tempo todo.

Ao final do culto, muitos abraços apertados, choros compulsivos, lágrimas encharcadas de saudade... Palavras de apoio, de ânimo e de esperança envolvidas pela dor da saudade que já chegava. Como ficar longe de tanta gente amada? Só Deus para dar forças naquele momento.

Tudo já havia sido encaixotado e colocado no caminhão de mudanças.

A esposa estava com uma gripe muito forte, com febre e dores. Seu filhinho também estava com gripe forte. O marido estava com muitas dores nas costas e no corpo. As emoções eram tantas que a imunidade deles baixou.

Olharam para aquele apartamento onde foram tão felizes. Se lembraram de tantas situações vividas ali, abraçaram-se, olharam-se, respiraram fundo e saíram. Fecharam a porta para nunca mais voltar.
Seus olhos, a partir daquele momento, estariam voltados para outros lugares, para outras coisas, para novas experiências.

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terça-feira, 30 de outubro de 2012

Cap.5 - Dando adeus para seus companheirinhos

"Olhai para as aves do céu, que nem semeiam, nem colhem, nem armazenam em celeiros; contudo, o Pai celestial AS ALIMENTA". (Mateus 6:26a)

Eles já haviam doado ou vendido tudo. Restaram poucas coisas.
O exercício do desapego foi um trabalho imenso realizado por Deus em seus corações.

Mas o mais difícil de deixar foram os seus gatinhos. Os dois estavam com eles há 8 anos, eram macho e fêmea, da mesma cor, companheirinhos queridos do casal. Foram inúmeras as vezes em que a esposa, se sentindo só, foi acarinhada por eles que percebiam sua tristeza. Seu marido trabalhava em outra cidade, eles se viam de manhãzinha e depois só no início da noite. Várias vezes em que ela precisava de um carinho durante o dia, era só olhar para um deles que logo recebia "ronrons", "beijinhos de gato", "carinhos feitos com as patinhas"... Quem gosta de gatos sabe como é.

Mas, infelizmente, uma das regras do local onde morariam era a de não permitir animais de estimação nos apartamentos. A dor tomou conta do coração daquela família quando, enfim, começaram a divulgar que estavam doando "dois lindos gatos de apartamento".

Quem tem animais em casa sabe como é a dor de perder esses queridinhos. Oraram durante aquele tempo que restava, sabendo que Deus cuidaria das grandes coisas e das pequenas também.
Veterinários os alertaram sobre o fato de que se os gatinhos fossem separados, poderiam estranhar muito por terem sido criados desde pequenos juntos. Se fossem adotados por alguém que morasse em uma casa, provavelmente fugiriam procurando pelos antigos donos. E corriam um grande risco de sentirem tanta saudade dos donos que deixariam de comer e morreriam de tristeza.

Deus sabia o quanto aqueles animais eram importantes para eles! Aquele casal tinha certeza de que Ele mostraria um lugar adequado para ambos os gatinhos morarem, juntos.

Numa tarde, o telefone tocou. Era uma moça, moradora de uma casa de muros muito altos, próprios para abrigar gatos fujões. Ela cuidava de gatinhos que eram abandonados por seus donos. Sabendo da história da família, compadeceu-se e resolveu adotá-los.

O casal foi conhecer a moça. Sua casa era grande, com muito espaço para alguns gatinhos que lá moravam, tudo muito limpinho e com comidinha boa à disposição dos felinos. O amor com que ela cuidava daqueles pequenos era notório. Então eles perceberam que aquele era o lugar separado por Deus para que eles deixassem seus gatinhos tão amados.

O momento da separação foi terrível. A angústia e a dor eram inexplicáveis. Todos choravam, a família e os dois gatinhos. Eles perceberam que algo estava acontecendo e quando foram deixados em gaiolinhas naquele lugar estranho, começaram a miar baixinho, numa mistura de medo, tristeza e dor.

Então um versículo veio forte ao coração da esposa:
"Olhais as aves do céu, que nem semeiam, nem segam, nem ajuntam em celeiros, e vosso Pai celestial as alimenta". (Mateus 6:26a).
Naquele momento, Deus sussurrou em seus ouvidos:
- EU CUIDO das aves do céu. Sim, EU CUIDO. Cuidarei de seus gatinhos também. Eu amo a minha criação.

Ao deixá-los ali, o coração ficou em frangalhos. O choro os acompanhou por todo o caminho de volta. A ferida demoraria a ser curada, mas a paz que excede todo o entendimento estava ali. O que era preciso fazer, deveria ser feito. E continuaram a encaixotar suas coisas, chorando.

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domingo, 28 de outubro de 2012

Cap.4 - O desapego

"Fiel é o que vos chama, o qual também o fará". (I Tessalonicenses 5: 24)

O futuro apartamento da família era lindo. Compacto, mas espaçoso. Tinha dois quartos, sala, cozinha, banheiro, escritório, área de serviço. Lá fora estava o maior quintal que eles poderiam ter: muita área verde, muitas árvores, a natureza ao redor.

Um detalhe importante: era mobiliado. Sim, tudo o que precisavam estava ali: camas, criados-mudos, mesa, cadeiras, bancos, sofás, estante, geladeira, fogão, máquina de lavar, etc. Apenas dois apartamentos daquele prédio eram mobiliados, e aquele era um deles.

Ao voltarem para o apartamento onde ainda estavam morando, alugado, perceberam que precisariam se desfazer de algumas coisas. Algumas não, muitas coisas. Não caberia tudo ali... Então começaram a fazer uma lista de tudo o que poderiam vender, doar ou pedir que alguém tomasse conta até que eles voltassem, dali a alguns anos.

Móveis, eletrodomésticos, panelas, utensílios, roupas... muita coisa teve que ser doada ou vendida. Eles se desfizeram de 70% de tudo o que tinham. Afinal, dali a alguns anos, como eles estariam? E em meio a tudo aquilo, marido e esposa conversavam:

- Melhor dar tudo isso para alguém que faça bom uso nesse tempo do que ficar guardando, querida.
- Você tem razão.
- Sofás, estante, máquina de lavar, geladeira, fogão... temos que nos desfazer de tudo.
- Eu sei...
- Vamos doar esses seus livros de artes?
- Não, nem pensar. Nesses ninguém mexe, rsrsrs...
- E esse jogo de taças?
- Ah, querido, mas ele é tão lindo, tão chique, tão... tão... Ok, vamos doá-lo. Mas quero que eles sejam doados a uma família bem carente, para uma mulher que more em um lugar bem pobrezinho, que nunca teria a menor condição de ter taças como essas. Quem sabe não será um sonho realizado?

Começaram a encaixotar as coisas. Sobrou pouco.

O coração estava estranho.
Era uma mistura de sentimentos...
Gratidão por tudo o que tiveram até ali, gratidão por estarem caminhando para viver novas experiências com Deus, tristeza por terem que se desfazer de algumas coisas que gostavam tanto, medo da nova vida, convicção de que Deus estava cuidando de tudo. O exercício do desapego foi um trabalhar de Deus em suas vidas também.

- E o que será de nós quando sairmos do novo apartamento? Como conseguiremos os móveis, os eletrodomésticos e tudo o que deixamos para trás?

Eles sabiam que o mesmo Deus que colocou a convicção em seus corações sobre abrirem mão de tantas coisas, iria à frente, dali a alguns anos, dando tudo o que eles precisassem. Eles estavam no começo da caminhada, mas já sabiam que Deus cuidaria disso também, quando enfim chegasse o momento.

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Cap.3 - A moradia

"Puseste alegria no meu coração, mais do que no tempo em que se lhes multiplicaram o trigo e o vinho". (Salmos 4:7)

Dois meses depois da decisão de largarem tudo e irem para o seminário, eles decidiram participar do chamado "Retiro Vocacional". Foram 3 dias vivendo um pouco do muito que viveriam pelos próximos 5 anos.

O lugar era lindo: muita área verde, árvores, pássaros, caminhos de terra, gramado, um certo silêncio... Viver em meio a natureza era algo maravilhoso... Mas nem tanto! A esposa era "urbana", gostava do movimento e do barulho da cidade. 
- Meu Deus... será que vou aguentar? - disse ela.
- Vai sim... Se Deus está nos trazendo pra cá, ele vai trabalhar em seu coração. Isso não pode ser um fardo pra você. - respondeu o marido.

Ao procurarem uma casa para morar, perceberam que não seria tão fácil assim. A procura era grande, muitas famílias estavam fazendo o mesmo. Restou a eles uma casinha, bem pequena, com dois quartinhos apertados, uma cozinha minúscula, um banheirinho e uma salinha bem pequena. Na área externa havia um espaço para lavar e pendurar roupas, mas bem ao lado havia um terreno enorme, com um matagal alto... e com muitos bichos! Formigas grandes, aranhas, cobrinhas, entre outros. 

- Com uma boa pintura, alguns adesivos na parede e uma decoração legal essa casinha vai ficar aconchegante! - pensou a esposa. Mas o otimismo logo passou quando ela pensou em seu filhinho. Aquela área externa seria o único lugar que ele teria para brincar... Tudo aquilo parecia desconfortável e perigoso. E a casa parecia um pouco afastada da movimentação do seminário. Tudo o que ela não queria era ficar afastada das pessoas. 

Uma oração brotou em seu coração:
- Deus... Eu sei que o Senhor está no controle de todas as coisas, sei também que o Senhor é poderoso para cuidar do meu filhinho todas as vezes em que ele estiver aqui fora e protegê-lo de todo o mal. Mas meu coração está apertado... Se é esse o lugar que o Senhor deseja que a minha família more pelos próximos anos, trabalhe em meu coração e me dê paz. Eu quero obedecê-lo, me ajude. Sei que o Senhor nos dará a vitória e fará o melhor para as nossas vidas.

O casal continuou orando pela futura moradia. Um dia, o marido recebeu um telefonema de sua mãe, que também estava ajudando-os a procurar um bom lugar.

- Alô, mãe?
- Oi filho. Só tenho uma coisa a dizer: esse seu Deus é bom demais.
- O que aconteceu?
- Um casal do nordeste desistiu de vir fazer o seminário este ano e vagou um apartamento no prédio de alunos casados. O apartamento é muito bom, bem perto do local onde você irá estudar, com um playground ao lado, onde o seu filho poderá brincar! Vocês estarão perto de outros moradores também, não ficarão isolados como sua esposa temia. Conversei com os responsáveis e eles disseram que, como vocês eram os próximos da fila de espera, o apartamento já está no nome de vocês, é só ir lá e pegar a chave.

Quando foram visitar o apartamento, o coração da esposa disparou. Foi impossível não conter as lágrimas de emoção ao ver o nome do edifício: "Vitória".

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Cap. 2 - Medo do desconhecido

"Observem as aves do céu: não semeiam nem colhem nem armazenam em celeiros; contudo, o Pai celestial as alimenta. Não têm vocês muito mais valor do que elas?" (Mateus 6:26)

Muitas vezes temos medo daquilo que sabemos que nos espera. 
Mas o medo do desconhecido é algo que ultrapassa os limites de nossas emoções.

Quando eles tomaram a decisão, não voltaram atrás. Estava decidido. No início do ano seguinte já estariam morando em uma nova cidade, em uma nova casa. Mas... o que os aguardava?

Durante aqueles 9 anos de casamento nada faltou. Viveram momentos de abundância, alguns momentos de dificuldades, mas nunca passaram necessidades. Não sabiam se era isso que lhes aguardava a partir da decisão de tomar um novo rumo em sua história, mas a possibilidade de isso vir a acontecer lhes dava medo.

Eram inúmeros os relatos que haviam ouvido sobre pessoas que largavam tudo para viver na dependência total de Deus. Histórias sobre livramentos incríveis, provisão financeira e experiências sobrenaturais lhes voltavam à memória. Realmente, quando ouvimos relatos assim chegamos a nos arrepiar, emocionados com tudo o que Deus fez na vida de tais pessoas. Mas e quando chega a nossa vez? Será que acontece dessa maneira mesmo? A certeza de seguir um Deus que nunca falha dava paz aos corações daquele casal, mas o medo gritava forte ao imaginar que poderiam sim, sofrer algumas vezes durante o percurso.

Não seria fácil viver dependendo de ofertas, sem saber o quanto teriam ao final de cada mês, ou se teriam o suficiente para pagar as contas básicas e realizar as compras necessárias. Não seria fácil contar essa decisão para aqueles que, certamente, não concordariam com tal atitude, chamando-os de levianos, inconsequentes, irresponsáveis e até aproveitadores. Mas a convicção continuava forte em seus corações, apesar do medo.

Então, em uma tarde ensolarada, eles receberam uma visita inesperada. Um pastor muito querido chamado Laudo, que nada sabia sobre tudo o que estava acontecendo, lhes perguntou sobre a vida e sobre o casamento. Quando contaram sobre a decisão de deixarem seus empregos, sua cidade, seus amigos e partirem para uma nova vida juntamente com seu filhinho que ainda não havia completado dois anos, ouviram o seguinte:

"Olha, meus filhos, viver pela fé é maravilhoso! Deus irá honrá-los, tenham certeza disso. Não irá faltar nada a vocês, irá até sobrar!" 

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Cap. 1 - O começo de tudo

"... todos os dias determinados para mim foram escritos no teu livro antes de qualquer um deles existir" (Salmos 139:16b)

Era 31 de agosto de 2008. Domingo a noite.
Ele chegou e sentou-se no banco. O culto acontecia numa igreja do litoral paulista.
Sua esposa, com quem estava casado há 9 anos, estava no berçário cuidando de seu filhinho de 1 ano e 5 meses.
Naquela noite algo diferente aconteceu.

Após o louvor, o dirigente deu início a exposição da Palavra de Deus, pedindo para que todos abrissem a Bíblia no livro de Hebreus, capítulo 11. Ele não havia encontrado sua Bíblia antes de sair de casa e por esse motivo, estava usando a de sua esposa naquela noite.

Ao abrir o texto, seus olhos viram algo inacreditável. Cada detalhe falado pelo dirigente a respeito do texto já estava escrito na margem da folha, com a letra de sua esposa. Ela tinha o costume de fazer anotações na própria Bíblia enquanto fazia seus devocionais.

Mas o que mais o impressionou foi que tudo o que foi escrito meses antes por sua esposa, num momento íntimo que ela havia passado com Deus em seu quarto, estava sendo falado, palavra por palavra, pelo dirigente naquele culto. Como se Deus estivesse ditando cada palavra novamente.

E aquelas palavras começaram a entrar profundamente de seu coração.

Naquele momento ele entendeu: Deus queria mais dele. E a frase, alta como uma voz que falava firmemente, foi dita em sua mente:

- Quando você irá se preparar para aquilo que tenho para você?
- "Agora" - respondeu ele.

Ali, no meio do culto, enquanto tantas pessoas prestavam atenção às palavras do dirigente, Deus falava particularmente com aquele homem que já havia entregue sua vida a Cristo desde os 14 anos. Depois de tantos anos servindo a Deus como liderado e como líder, agora ele sabia que algo diferente estava acontecendo.

Ao voltar para casa, estacionou seu carro na garagem do prédio. Seu bebê dormia. Sua esposa estranhou sua respiração alterada e perguntou:

- Está acontecendo alguma coisa?
- Sim... Hoje Deus falou comigo de uma maneira muito particular.
- Que bom! E o que foi que Ele lhe falou?
- Que preciso me preparar para aquilo que Ele tem para mim.
- Continue...
- Meu amor... Eu irei para o seminário no ano que vem. É lá que irei me preparar.
- Jamais imaginei ouvi-lo falando algo assim!
- Nem eu... Mas estou convicto disso, é isso o que Deus quer de mim, de nós.
- Está bem, meu amor, "por onde quer que tu fores, irei eu também", com dizia a música que tocou em nosso casamento...
- Mas é um seminário em período integral. Teremos que morar no local onde está o seminário, em uma outra cidade. Teremos que deixar os nossos empregos, nossa estabilidade e viver durante 5 anos apenas com ofertas que pessoas nos darão, pois não teremos tempo para trabalhar.

Neste momento a esposa respirou fundo. Deixar tudo? Família, amigos, ministérios, emprego, estabilidade financeira? Ir para um novo lugar levando um bebê de menos de 2 anos? Viver na dependência de pessoas que ofertariam mensalmente? Viver sem ter certeza de quanto haveria no banco no final de cada mês?

- Ok, querido. Vamos. Vamos na dependência de Deus! É Ele quem cuidará de nós. Estou com medo, mas sei que Ele cuidará de cada detalhe.

Naquela noite ninguém dormiu. A ansiedade tomou conta do coração daquele casal... Suas vidas mudariam drasticamente dali a poucos meses! Mas a convicção de que estavam ouvindo realmente a voz de Deus em seus corações deu a eles a paz para tomarem a decisão e seguirem em frente.

E foi assim que Deus começou uma nova história na vida daquela família.