domingo, 28 de outubro de 2012

Cap.4 - O desapego

"Fiel é o que vos chama, o qual também o fará". (I Tessalonicenses 5: 24)

O futuro apartamento da família era lindo. Compacto, mas espaçoso. Tinha dois quartos, sala, cozinha, banheiro, escritório, área de serviço. Lá fora estava o maior quintal que eles poderiam ter: muita área verde, muitas árvores, a natureza ao redor.

Um detalhe importante: era mobiliado. Sim, tudo o que precisavam estava ali: camas, criados-mudos, mesa, cadeiras, bancos, sofás, estante, geladeira, fogão, máquina de lavar, etc. Apenas dois apartamentos daquele prédio eram mobiliados, e aquele era um deles.

Ao voltarem para o apartamento onde ainda estavam morando, alugado, perceberam que precisariam se desfazer de algumas coisas. Algumas não, muitas coisas. Não caberia tudo ali... Então começaram a fazer uma lista de tudo o que poderiam vender, doar ou pedir que alguém tomasse conta até que eles voltassem, dali a alguns anos.

Móveis, eletrodomésticos, panelas, utensílios, roupas... muita coisa teve que ser doada ou vendida. Eles se desfizeram de 70% de tudo o que tinham. Afinal, dali a alguns anos, como eles estariam? E em meio a tudo aquilo, marido e esposa conversavam:

- Melhor dar tudo isso para alguém que faça bom uso nesse tempo do que ficar guardando, querida.
- Você tem razão.
- Sofás, estante, máquina de lavar, geladeira, fogão... temos que nos desfazer de tudo.
- Eu sei...
- Vamos doar esses seus livros de artes?
- Não, nem pensar. Nesses ninguém mexe, rsrsrs...
- E esse jogo de taças?
- Ah, querido, mas ele é tão lindo, tão chique, tão... tão... Ok, vamos doá-lo. Mas quero que eles sejam doados a uma família bem carente, para uma mulher que more em um lugar bem pobrezinho, que nunca teria a menor condição de ter taças como essas. Quem sabe não será um sonho realizado?

Começaram a encaixotar as coisas. Sobrou pouco.

O coração estava estranho.
Era uma mistura de sentimentos...
Gratidão por tudo o que tiveram até ali, gratidão por estarem caminhando para viver novas experiências com Deus, tristeza por terem que se desfazer de algumas coisas que gostavam tanto, medo da nova vida, convicção de que Deus estava cuidando de tudo. O exercício do desapego foi um trabalhar de Deus em suas vidas também.

- E o que será de nós quando sairmos do novo apartamento? Como conseguiremos os móveis, os eletrodomésticos e tudo o que deixamos para trás?

Eles sabiam que o mesmo Deus que colocou a convicção em seus corações sobre abrirem mão de tantas coisas, iria à frente, dali a alguns anos, dando tudo o que eles precisassem. Eles estavam no começo da caminhada, mas já sabiam que Deus cuidaria disso também, quando enfim chegasse o momento.

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